segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

CARNAVAL

Tá chegando mais um! E eu que sempre fui uma foliona de primeira, faz tempo que não participo de nada carnavalesco. Não querendo ser saudosista, mas já sendo(como diz o Jô Soares), não consegui me adaptar a esse carnaval de Pedralva, todo importado, globalizado,sem nada que o identifique como seu. Na década de 80, quando fazíamos nossos próprios carnavais,com os blocos desfilando, competindo pra valer, querendo cada qual fazer o seu melhor numa rivalidade sem fim, era o máximo!! Fazíamos de tudo para conseguir ganhar a taça!Até pirraça! Mas tudo apropriado para nossa previsível imaturidade da época! Mas nos divertíamos muito! Até mesmo no mês que antecedia o carnaval em que ficávamos enfurnados na "sede" do bloco bolando tudo o que ía pro desfile! Quem não se lembra daquelas ferrenhas competições? E quem ganhava com tudo isso era o carnaval de Pedralva!Eram todos os pedralvenses! Estávamos até criando fama nos municípios adjacentes!
Agora já não acho tanta graça...Estarei velha?
Escrevi sobre as sensações que tive depois de um carnaval de rua tão impessoal...

PEDRALVENSE AUSENTE

Não fosse a Matriz imponente
Não fosse o Jardim cativante
Não fosse o Clube atraente
Diria-me um visitante.

Não fosse o cenário tão íntimo
Não fosse o Escadão fraternal
Não fosse o Casão tão amigo
Seria um excluído social.

Não fosse, no ar, a fragrância,
Da atmosfera sentimental
Não fossem os amigos de infância
Diria...nem era um carnaval...

Não fossem as casas tão cúmplices...
Não fossem as ruas tão minhas...
Não fossem aqueles quintais...

Thais-26/02/2004

FAMÍLIA

Tenho na lembrança emocional o orgulho que sempre senti de fazer parte da família Rosa, de ter aquele vovô bravo de coração manso; de ter aquela vovó musical, em poesia; de ter aqueles tios e tias alegres, mas sempre atentos a algum malfeito de criança e de ter aqueles primos-irmãos. Meus pais nos transmitiam estes sentimentos. Sou do tempo, graças a Deus, em que os avós e tios não bajulavam gratuitamente, mas também nos educavam. Qualquer fato ou atitude era oportunidade para um conselho, uma lição de vida, um exemplo e uma bronca! E bota bronca nisso! Tinha-se intimidade para tal! E nem por isto deixamos de amá-los. Muito pelo contrário! Além de amor, sentimos gratidão!
Neste sentimento infantil sempre me considerei uma privilegiada! Hoje sei que existem muitas famílias Rosa por aí, por este mundo afora e que não é apenas um privilégio meu. Doce e ingênua presunção! Mas, voltando à criancice, meus olhos enxergavam assim e eu cresci feliz!
Depois que o vovô nos deixou, ouvi algumas vezes, como que numa premonição que eu sempre rejeitei: - Agora a família desanda!O que une a turma são os avós!
E eu sempre retruco em pensamento: - Que desune o quê!!
Neste Natal tive a confirmação de tudo isto e a minha família não me decepcionou. Apesar de tantas opiniões contrárias na hora de decidir se ía ser o tradicional churrasco(com aquela maionese da tia Lourdes e aquele vinagrete!!Hum!!) ou se nos encontraríamos numa pizzaria pra não dar trabalho pra "muierada" ou tantas outras sugestões , na hora H todos estavam lá(ou quase todos) e ainda brincando com a situação criada de que NÃO ÍA DAR CERTO!Pizzaria? Ah! Não vai dar certo!
Outros diziam: - Num interessa o que nós vamos comer! O que interessa é encontrar com a turma!
Ri muito do Dani quando ele disse que por ele podia servir até Fandangos que ele ía de "quarqué" jeito!
E, como sempre, tava muito divertido! Deu pra matar um pouco das saudades. E a toda hora se ouvia alguém dizendo no meio daquela alegre bagunça: - Isso num vai dar certo!
E num deu "memo"! Porque o Hernani botou uma forma de pizza na cabeça do Edgar e que a derrubou na tia Anita(uma das que eram contra a pizza)e que ficou com os pés acebolados. Num falei qui num ía dar certo?
Me deu vontade de colocar aqui a letra de uma música que fizemos (eu e o Lico)para o Natal de 1986( quando ainda éramos todos jovenzinhos solteiros). É uma paródia da música "O Caderno", do Toquinho e que marcou muito este nosso Natal.Antes da música, recitamos umas quadrinhas pra brincarmos de artistas:
Esta história teve início
na pequena Capelinha
Onde o mais cheio comício
Cabia na simples pracinha.

Um dia, uma bela moça,
professora, estudada,
foi levada pelo pai
pra ensinar à criançada.

Confessa que foi um desgosto
e ficou contrariada
mas logo achou um rosto
e ficou com a cabeça virada!

Ela ,porém, nem supunha
como era o rapagão,
que pegava touro à unha,
e não negava um tostão.

E ele nem imaginava
como era o tal moço:
por aqueles olhos verdes
14 noivas roeram osso!

Mas é coisa do destino
e um grande amor foi nascendo.
E logo fez-se a família
que continua crescendo:

Chiquitinha, muito bela,
não demora, chega cedo.
Logo, logo cuida dela...
E fisga o Tozé Macedo.

E chega a tia Mainha,
sempre levada da breca.
não demorou muito tempo...
pra deixar tio Zé Hilton careca!

A terceira, a Terezinha,
pro Zaé ganhar foi duro!
Mas não é de se espantar...
ela é o vô Zé Rosa puro!

E o primeiro macho desponta
na casa de tanta flor!
E tia Nísia então encontra
a quem vai dizer, bem alto: meu amor!

Tia Anita inteligente,
para tudo tem resposta.
Nem se arrique a desafios...
que você perde a aposta!

E chega a doce tia Lourdes,
sempre rindo, muito fina!
Não foi à toa que, por ela...
Tio Paulo largou a batina!

E agora chega o tio Tonho
dono de grandes idéias!
Suas piadas no momento certo...
agradaram a Marinéia!

E vem a tia Regina!
No voley, era como um menino!
Mas a sua melhor jogada...
Foi dar bola pro Marino!

Cuidado! É o Pena quem chega!
Só bagunçava o pirralho!
Só deu sossego pros pais...
para `a Ana dar trabalho!

E chega a tia Merzé,
que é mesmo meio louca!
Pois pra agradar o Décio,
de tanto rir, rasgou a boca!

Falar dos netos não dá...
Que é uma mistura danada!
Já basta ver que a maioria...
Já caiu na pingaiada!

Calma! Que é brincadeira!
Não pensem que só bagunçamos.
Nós também falamos sério:
Vocês sabem: nós os amamos!

Mas a história não acabou
pois a família ainda cresce!
Olha que gente bonita!
Mas é só pra quem merece!

PRA FAMÍLIA

Vocês que nos acompanharam do primeiro tombo até a gente andar
E devem nos achar crianças aqui a cantar.
Porém, hoje é o dia dos papéis trocar
E é o que estamos querendo tentar.

Cantando esta felicidade estamos querendo homenagear
àqueles que em toda sua vida só fizeram amar.
Às vezes, fazemos só os preocupar.
E aqui estamos a nos desculpar.

Um dia nós seremos pais e assim poderemos experimentar
a todas essas sensações de mal e bem estar.
E conseguiremos os avaliar
sempre prontos a nos perdoar.

Um dia, já disseram antes, que os pais são arcos a nos atirar
qual flechas para algum ponto a dimensionar.
Nós temos, porém, uma coisa a cobrar:
que ele seja bem perto do lar.

Vovô, vovó, papai, mamãe, titio, titia, irmãos e toda primaiada
São partes de um amor completo que se faz manar.
Por isso estamos sempre a nos encontrar
como as águas que voltam pro mar...

Amo vocês!Família Rosa e agregados!
Apesar dos espinhos que toda rosa tem!!!
Isso num vai dar certo!!!
Thais.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

LIÇÕES

"O comportamento humano não é pré-determinado como nos animais. Temos o poder de mudar o futuro, de mudar nosso comportamento já no próximo momento. Podemos mudar por amor, por querer bem a uma pessoa, a um filho, à humanidade."
"Se você abre uma porta, você pode ou não entrar em uma nova sala. Você pode não entrar e ficar observando a vida. Mas, se você vence a dúvida, o temor, e entra, dá um grande passo: nesta sala vive-se!
Mas, também, tem um preço...
São inúmeras outras portas que você descobre. Às vezes, curtem-se mil e uma. O grande segredo é saber quando e qual porta deve ser aberta. A vida não é rigorosa, ela propicia erros e acertos. Os erros podem ser transformados em acertos quando com eles se aprende. Não existe a segurança do acerto eterno.
A vida é generosa: a cada sala que se vive, descobrem-se tantas outras portas. E a vida enriquece quem se arrisca a abrir novas portas. Ela privilegia quem descobre seus segredos e generosamente oferece afortunadas portas.
Mas a vida também pode ser dura e severa. Se você não ultrapassar a porta, terá sempre a mesma porta pela frente. É a repetição perante a criação, é a monotonia monocromática perante a multiplicidade de cores, é a estagnação da vida...
Para a vida, as portas não são obstáculos, mas diferentes passagens".
Dr. Içami Tiba

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

FELIZ ANO NOVO!!!

Começamos um novo ano,2008,que, na verdade, não passa de uma continuação do que acabou e não o marco inicial de nada!
Seria um início se tivéssemos mesmo coragem de zerar tudo o que passou pra recomeçarmos tudo realmente de NOVO: com novas idéias, novos comportamentos, novas atitudes.
Não sei se será um ano NOVO.Tenho a sensação de que será apenas a continuação do velho: com velhas promessas não cumpridas, velhos sonhos não realizados, velhas aspirações de um mundo melhor sendo detonadas,velhas esperanças de que a fome seja vencida e de que a paz seja alcançada...Paz... paz...paz...
Li sobre um documentário feito naquelas terras que vivem a guerra, na guerra e da guerra, onde uma das crianças entrevistadas diz que todos perdem com ela. Só há perdedores na guerra. Só as crianças percebem isto?
Fico com uma sensação estranha de frustração intensa e logo no primeiro dia do ano NOVO, novo,novo...
Talvez porque nesta última semana tenha presenciado uma cena terrível de uma mãe sofrendo a dor pungente de ver sua filha querida partir de repente e para sempre.Sem chance para despedidas, afagos, sorrisos, arrependimentos... Um corte certeiro...profundo...tão dolorido! Não há o que console...É só dor...dor...e dor...
Dá até pra perder a fé, ela disse naquela hora de incrédulo torpor, em que seu rosto só transparecia dúvida e...dor...dor...e dor...
Daí eu me pego pedindo a Deus, que isto não aconteça comigo. Por quê?
Por acaso sou melhor que aquela mulher?Só ela merece passar por este sofrimento? Sei que a gente reza o Pai Nosso e diz sempre: "...seja feita a Vossa vontade"... Não perdi a minha fé.Aprendemo-la com o vovô Zé Rosinha que também perdeu filhos precocemente. Mas eu não consigo ter essa grandeza de alma ...são meus filhinhos...e eu continuo pedindo que isso não aconteça comigo pois eu tenho certeza de que eu não agüentaria...egoísmo... tenho muito medo e tenho muito o quê melhorar...E eu só pensava nisso quando estava lá, segurando a mão daquela mãe. Ficava me colocando no lugar dela e...que dor...dor...e dor...
Nem sei como terminar esse texto...
Ah!! Feliz Ano NOVO!!!
Thais- 01/01/2008