sexta-feira, 16 de novembro de 2007

NAMORO

Em agosto de 2003, minha filha começou a namorar: estava então com 14 anos,10 meses e 27 dias! Levei um susto quando ela entrou no meu quarto e disse que estava gostando do Daniel. Meu coração pulou! Ela me pegou desprevenida! Logo ela que vivia dizendo como os meninos são chatos, bobos e infantis! Achei que iria demorar um pouco mais para se interessar por eles! Mas o Daniel era especial, ela disse.
Minha cabeça dava voltas: será que ela já está preparada para namorar? Será que eu soube passar pra ela as coisas importantes? Hoje os namoros estão tão mudados...Será? Será?
E quase todo dia eu a chamava para uma conversa e falava, falava...Depois de vários repetecos, um dia ela disse:
- Mãe, você já disse tudo isso!!
Mas eu continuei inquieta, preocupada, ansiosa...
Onde trabalho, sempre atendo adolescentes despreparadas e já com seus filhinhos nos braços. Falta de informação? Já li sobre pesquisas que dizem que muitas dessas meninas engravidam por enxergarem, no filhinho que virá, uma nova perspectiva de vida! Vejam vocês!
Um dia, para não ficar repetitiva demais, eu e meu violão resolvemos fazer uma música pra minha Gabrielinha e pra tantas Gabrielas ,Leandros e Rafaelas que existem por aí e que um dia também vão se apaixonar.
A música se chama Namoro e a letra é assim:

Tudo começa com um gostar inexplicável:
Por que é este se o outro é agradável?
E o efeito indecifrável do olhar...
Como é que pode tantos frios provocar?

O coração dispara forte contra o peito!
A face rósea...disfarçar? Não há mais jeito!
Quer se olhar mais mas não sei o que acontece!
Se desvia pr'outro lado! Ai, meu Deus! Ninguém merece!

E quando chega a hora de se conversar,
a fala trava e faz a gente gaguejar!
As mãos geladas não encontram um lugar para ficar!
As pernas tremem e bambeiam sem parar!

E o primeiro beijo?
É tanto tempo para se encorajar!
Nem por isso a emoção ficou menor!
Talvez por isto, pela espera, foi melhor!

Mas, pode um dia, vir a chama a enfraquecer.
E não se sabe como pôde acontecer!
E aquele amor tão grande vai se apagando devagar
E logo, logo, virá outro em seu lugar.

Por isso eu digo: não esqueça!
Namorar é bom, mas use a cabeça!
O coração também tem o seu lugar neste complexo,
Mas deixe bem para mais tarde o tal do sexo!.

Este momento tem que ser especial!
E deve ser com uma pessoa bem legal!
Não jogue fora a chance de se realizar como pessoa
Que tudo vem, naturalmente, numa boa!

E para os mais afobadinhos, curiosos
Também existe opção com inteligência!
Preservativos são, agora, preciosos!
Pra ter saúde e garantir sobrevivência!

Por isso eu digo: não esqueça!
Namorar é bom mas use a cabeça!
O coração também tem o seu lugar neste complexo
mas deixe bem para mais tarde o tal do sexo!

Maternidade nem sempre é assim tão linda.
E a mãezinha encontra, às vezes, solidão.
Penso que uma criança deve ser bem-vinda
E encontrar um colo aberto ao coração!

E ainda falta um recadinho aos papais:
No comecinho, a mamãe é muito mais.
Mas se o papai ficar ausente, pr'o bebê é irreparável!
É essencial: paternidade responsável!

Por isso eu digo: não esqueça!
Namorar é bom mas use a cabeça!
O coração também tem o seu lugar neste complexo.
Mas deixe bem para mais tarde o tal do sexo!


"Educação sexual não é só falar de sexo. Ela se faz desde a infância e envolve a idéia de ser SUJEITO e não objeto das relações, de cuidar de si e do outro, de ter COMPROMISSOS. É depois disso que se deve discutir o uso de preservativos e prevenção. E não apenas associar sexo com proibições e doença. Para dar conta da função, os pais precisam se INFORMAR, superar possíveis constrangimentos. E devem incluir o AMOR na conversa, desfazendo equívocos. O amor é um apelo forte, no sentido de que quem ama cuida mais. A importância de a educação sexual ser assumida pelos pais cresce em um país como o Brasil onde os apelos eróticos permeiam a programação da TV, sem muito critério de bom gosto, horário, faixa etária. É importante que os pais apontem aos filhos esses conteúdos que banalizam a sexualidade. Não se trata de proibir nada, mas de mostrar de forma crítica e sensata essas distorções." Dra. Maria Ignes Saito(hebeatra)

"As meninas associam o amor romântico com confiança". Neste sentido,acham que, proteger-se é desconfiar do outro, e o amor é indissociável da confiança. Os meninos também usam a confiança, mas consideram mais a "força" do desejo para evitar a camisinha. Além disso, a AMBIGÜIDADE de valores sociais, que estimula a sexualidade, mas condena a gravidez e a doença, atua de forma contraditória sobre as meninas. Elas se envergonham tanto por serem virgens quanto por não serem. E acham difícil providenciar os preservativos: isso sugere que planejam a ação."
Leila Sollberger(antropóloga)

Nenhum comentário: